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Rio de Janeiro

Contra a crise, foliões de bloco no Rio carregam a própria cerveja

Amigos levam cooler com cerveja para se divertir no bloco Orquestra Voadora, no Rio -  Giovani Lettiere/UOL
Amigos levam cooler com cerveja para se divertir no bloco Orquestra Voadora, no Rio Imagem: Giovani Lettiere/UOL

Giovani Lettiere

Colaboração para o UOL

15/01/2018 09h37

O bloco Orquestra Voadora arrastou centenas de foliões pelo Jardim do Méier, no subúrbio do Rio, no começo da noite deste domingo (14). A orquestra carnavalesca participou, ao lado do bloco Planta na Mente, dos festejos pelos quatro anos do coletivo cultural Leão Etíope do Méier. Foi a terceira vez que a Voadora desfilou no bairro. As suas apresentações são, majoritariamente, pelo Centro da cidade.

Apesar do sucesso que o bloco tem na cidade, o desfile principal da Orquestra Voadora, que acontece na Quarta-feira de Cinzas no Centro, ainda depende de dinheiro. O cortejo não faz parte do circuito oficial do Carnaval carioca, que recebe verba da prefeitura e de patrocinadores, e prefere se manter independente.

"Este ano estamos ensaiando de forma itinerante e fomos convidados para tocar aqui no Méier hoje. Sempre tiramos dinheiro do próprio bolso para colocar o bloco na rua. Nosso custo é de aproximadamente R$ 100 mil, mas contamos com apoio de amigos, de fãs e da vaquinha online", explicou Leonardo Campos, trombonista da orquestra.

Antes da Orquestra Voadora, quem animou os foliões foi o polêmico bloco Planta na Mente, que prega a descriminalização da maconha. "Fazemos parte de um Carnaval eclético e popular. Nosso grupo é bem heterogêneo e trazemos paródias canábicas de marchinhas compostas pelos nossos próprios integrantes", contou a instrumentista do bloco, Flávia Medeiros.

Poucos foliões estavam fantasiados - o que é mais comum nos blocos do Centro e Zona Sul -, mas o que chamou a atenção foi a quantidade de grupos de pessoas que trouxeram suas próprias bebidas em coolers, isopores e bolsas térmicas. Eles prometem ser a sensação dos blocos em tempos de crise econômica.

Os amigos Thiago Bonfim, de 22 anos, Gustavo Fernandes, 23, Felipe Coelho, 22, e Raquel Teixeira, 22, saíram da Ilha do Governador, na zona norte do Rio, com um cooler cheio de cervejas. "A economia é grande. Compramos o latão de cerveja a pouco mais de R$ 2 e estão vendendo aqui no bloco a R$ 6", afirmou Thiago, estudante universitário.

Já o também universitário Rafael Machado, de 27 anos, apontou, além da economia de mais de 50%, outros benefícios do cooler. "A cerveja fica mais gelada do que comprar nos vendedores ambulantes. E tem ainda o fato de eu gostar de uma marca de cerveja que não é a que patrocina o Carnaval do Rio. Melhor então do que pagar mais caro, de marca ruim, e quente", ensina Rafael, que ostentava um cooler com rodinhas. "Tem hora que é chato, claro, ficar carregando o cooler para lá e para cá. Nos ensaios, enquanto o Carnaval não começa mesmo, é melhor, pois não tem tanta gente. E quando fico bêbado, o cooler vira off-road", diverte-se o jovem, que divide a locomoção do cooler com a namorada, a militar Tábata Souza, de 30 anos.