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Sabrina Sato é coroada rainha de baile gay no Rio: "Tenho alma de travesti"

Sabrina Sato durante o Glam Gay, no Rio de Janeiro  - Marcelo de Jesus/UOL
Sabrina Sato durante o Glam Gay, no Rio de Janeiro Imagem: Marcelo de Jesus/UOL

Giovani Lettiere

Colaboração para o UOL, do Rio

29/01/2018 10h21

Foi apoteótica a chegada de Sabrina Sato na quadra da escola de samba São Clemente, no Centro do Rio, na noite deste domingo (28), para ser coroada rainha da quarta edição do baile Glam Gay. Vestida como a drag queen Isabelita dos Patins - figura conhecida do Carnaval carioca -, a apresentadora chegou até ao palco em cima de um minicarro alegórico, atravessando os dois mil foliões que a aguardavam com acenos. "Estou muito feliz de estar aqui. Que presentão. Os gays são inspiração para a minha vida", discursou Sabrina.

Ela recebeu a faixa de rainha do rei do baile, o cantor Elymar Santos, e do idealizador do evento, o historiador e apresentador de TV Milton Cunha. "Fui criada por muitos gays que frequentavam a minha casa. Fiz balé e me monto desde criança. Eu tenho alma de travesti. Adoro me montar. Todo dia. É o colorido da vida", explicou Sabrina ao UOL.

Sobre a homenagem a Isabelita, Sabrina contou que ela marcou o imaginário dela. "Gosto de homenagear quem está vivo. Isabelita marcou meu imaginário. Queria vê-la de perto desde criança. Ela representa toda essa força, que todos os gays têm que ter para enfrentar o preconceito e não perder o humor", afirmou a rainha do baile.

Para encarnar a personagem célebre do Carnaval carioca, Sabrina precisou de muito tempo de preparação. "Foram cinco horas de maquiagem! E andei de patins no hotel para não cair aqui", contou a apresentadora da Record e rainha de bateria da Unidos de Vila Isabel, no Rio - e que a homenageou no baile, com a bateria presente - e da Gaviões da Fiel, em São Paulo.

Ela aproveitou o baile para garantir que ainda não está grávida do noivo, o ator Duda Nagle: "Não estou grávida. Mas estou na expectativa. Se vier, é lucro".

Antes da coroação de Sabrina, o baile começou com um concurso de fantasias de luxo de Carnaval. Entre os jurados, estavam os carnavalescos Alexandre Louzada (Mocidade Independente), Cahê Rodrigues (Imperatriz Leopoldinense) e Leandro Vieira (Mangueira) e o dançarino Carlinhos de Jesus. o vencedor foi João Elder, destaque do Salgueiro. "É uma arte que não pode morrer jamais", comentou Milton, que pretende resgatar os antigos bailes do Theatro Municipal e do Hotel Glória com seu Glam Gay. "Quero fazer esse resgate do glamour no Carnaval. Faço tudo sozinho e passo o chapéu mesmo para conseguir colocar o baile de pé. Mesmo nessa crise, tem duas mil pessoas aqui hoje prestigiando", comemorou ele.

Em seguida, veio o concurso de Boneca do baile, com representantes de seis escolas de samba. Transexuais tinham que mostrar que tinham samba no pé diante dos jurados. Venceu Mikaela Sadalla, da Beija-Flor, que chorou muito ao ser coroada. "É um prêmio importante para mim. Com muito esforço, dedicação e a ajuda de pessoas, mesmo na crise eu consegui fazer uma fantasia linda para estar aqui hoje. Amo o Carnaval e incorporar uma mulher não é fácil", explicou Mikaela, de 28 anos, que trabalha como maquiadora.

A coroação da corte do baile aconteceu sem Sabrina, que chegaria às 20h, mas só pisou por lá às 22h09. Por conta do atraso, a apresentadora recebeu a faixa sozinha, durante o show de Elymar Santos, que tocou seus sucessos e marchinhas de Carnaval para animar o baile. "Estou honrado de ser o rei de uma classe tão especial. Viva os gays!", discursou Elymar.