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Blocos de rua

Glitter e batom preto: Sim, existe emo no Carnaval de São Paulo

Daniel Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/02/2018 18h04

"Quem disse que emo não gosta de sambar? Estou achando que estou em Salvador!", grita o vocalista de cima do trio elétrico na rua Barra Funda, em São Paulo.

Exageros à parte, é isso mesmo que você pensou: agora existe um bloco emo no Carnaval da cidade, e seus foliões lotaram três quarteirões para desfilarem ao som de versões carnavalescas de músicas do NX Zero, Fresno, My Chemical Romance, Paramore, Restart e Simple Plan, entre outras bandas.

Ao invés do figurino multicolorido que normalmente domina os blocos, o preto predominava entre os foliões mesmo em uma segunda-feira abrasadora. Só alguns outsiders circulavam com fantasias que nada tinham a ver com o contexto, como de enfermeira.

O público, formado em sua maioria por jovens que mal aparentavam vinte anos de idade, e conhecido pelo estereótipo de quietos e melancólicos, pulou e berrou como em um bloco qualquer quando a bateria começou. E foi ao delírio com os versos de "razões e emoções", do NX Zero.

"São as melhores músicas e as melhores pessoas. E eu não esperava que o bloco ia estar assim", diz Lauren Cirello, 22.

"Eu nunca imaginei que veria um bloco emo. Vim só pelo som, não vou a outros blocos", admite André Hidi, 18. Na sua frente, um grupo de amigos comenta com espanto: "tem muito emo que saiu de casa neste sol para vir aqui".

Com a frase "is not a phase" (não é uma fase") escrita nas costas, Vitoria Piassi, 18, diz que "quando era mais jovem, escutava se tratar de um modismo que passaria".

"Isso não é verdade porque o ápice do movimento emo já aconteceu faz tempo", diz ela. "E eu sabia que as músicas ficariam legais em versões de Carnaval porque o emo tem muitas canções que falam do nosso cotidiano."

Para Isabela Castro, 29, nem pensar em ir a outros blocos. "Só vim porque era esse tipo de som. Não me interesso por nenhum outro."

Junior Passos, 23, disse que não teve dúvidas quanto ao sucesso do bloco quando soube da iniciativa. "Pensei 'vai dar certo pra c..."

Nem tudo, porém, foram elogios. Jacqueline Kanarski, 22, foi embora antes do final porque se incomodou com a qualidade do som. "Muita gente foi embora antes também porque o som estava ruim e demoravam muito entre uma música e outra."