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Blocos de rua

Rainha do Baixo Augusta, Alessandra Negrini terá visual inspirado na flora

Alessandra Negrini no lançamento da camiseta do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta em São Paulo - Ricardo Matsukawa / UOL
Alessandra Negrini no lançamento da camiseta do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta em São Paulo
Imagem: Ricardo Matsukawa / UOL

Mateus Araújo

Colaboração para o UOL

14/02/2017 04h00

A atriz Alessandra Negrini roubou a atenção de todos, no ano passado, esbanjando beleza e simpatia vestida de noiva sexy, durante o desfile do Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo. E neste ano, ela deve brilhar novamente, agora com uma fantasia inspirada na necessidade de preservação da natureza das cidades. “Estarei vestida inspirada no Parque Augusta. Então eu estou representando essa necessidade das árvores para São Paulo, a necessidade de respirar”, explica a atriz, que é a rainha de bateria do maior bloco de rua paulistano.

O Acadêmicos desfila na rua da Consolação, centro, no próximo domingo (19). A concentração, a partir das 16h, acontece no trecho entre a avenida Paulista e a rua Antônio Carlos. Com o tema “Primeiramente, A Cidade É Nossa” --sobre o direito dos cidadão de ocupar os espaços públicos da cidade-- a agremiação espera reunir 300 mil foliões.

“Esse é um ano muito especial para todo mundo, especialmente porque o nosso tema é uma reafirmação da cidadania, do espaço público”, ressalta Negrini. Segundo ela, a festa é uma celebração a São Paulo. “Não importa quem seja o prefeito, a cidade é do cidadão. Temos deveres e direitos em relação à cidade, e quando a gente aprende a conviver no espaço público, melhora a vida para todo mundo.”

A roupa-manifesto de Alessandra Negrini foi criada pela stylist Flavia Brunetti e desenvolvida pela estilista Patricia Bonaldi. A fantasia é inspirada no Parque Augusta --uma área, na região central de São Paulo, com 24 mil metros quadrados e um pedaço de mata atlântica, que está fechado para a população devido a uma disputa judicial.

O tema em defesa da cidade para a população ainda inspira outras ações do Acadêmicos do Baixo Augusta. Como as fantasias de integrantes do bloco com referência a monumentos, prédios, fatos e personalidades paulistanos; e alegorias criadas pelos alunos da faculdade de arquitetura Escola da Cidade, que juntas, representam o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão.

A arte de rua --que tem sido alvo de polêmicas ligadas à gestão João Doria-- também será celebrada pelo bloco, com duas ações da artista plástica Rita Wainer. Ela criou ilustrações especiais para serem usadas na decoração dos dois trios elétricos que animam os foliões; e está pintando uma “tela” de 45 metros de largura e 30 de altura, na lateral de um edifício próximo à praça Roosevelt. A obra será revelada no dia do desfile.

Atriz Leandra Leal - J. Duran Machfee/Futura Press/Folhapress - J. Duran Machfee/Futura Press/Folhapress
Atriz Leandra Leal
Imagem: J. Duran Machfee/Futura Press/Folhapress
Ativista

Criado em 2009, o Acadêmicos do Baixo Augusta se tornou um dos símbolos da retomada do Carnaval de rua de São Paulo. Defensor de pautas ligadas à ocupação da cidade e aos direitos humanos, a agremiação é, segundo a atriz Leandra Leal, uma das musas bloco, “um bloco ativista”.

“O Baixo Augusta sempre foi um bloco que escolheu temas meio ativistas. É um bloco que capitaneou essa coisa do retorno do Carnaval de rua de São Paulo, e acho que ele é muito contemporâneo, sempre esteve ligado ao que estava acontecendo no momento, ao anseio das pessoas”, conta Leandra. “E essa é uma pauta não só de São Paulo, mas de todo lugar: Ocupe e cuide da sua rua.”

Para a atriz, a verve questionadora do Carnaval é, de certo modo, uma forma de as pessoas extravasarem e enfrentarem os problemas comuns a todos. “Tem uma amiga minha que falou uma frase e eu adotei: Quanto pior o mundo, melhor o Carnaval. É um momento que você tem a possibilidade de lidar com o humor e espontaneidade sobre coisas que estão te atingindo.”