Com povo na pista, Mangueira encerra temporada de ensaios técnicos do RJ
No Carnaval de 2016, a Mangueira chegou à avenida desacreditada, vinda de um décimo lugar e, sem fazer alarde, preparou um desfile que foi coroado com o campeonato. Na noite desse domingo (19), a verde-e-rosa entrou na Sapucaí para encerrar a temporada de ensaios técnicos dando um recado muito claro às 11 concorrentes: quem quiser vencer o Carnaval, deverá superar a Estação Primeira.
Em um Sambódromo abarrotado, a Mangueira pisou forte e fez um desfile com um grau de emoção único. Não haviam fantasias e nem alegorias, mas a escola parecia defender seu campeonato. O ensaio foi marcante, com os componentes defendendo o bom samba com um canto forte, evolução solta e, assim, propiciando momentos de delírio do público.
Coreografia
Na abertura do cortejo, a comissão de frente, coreografada por Júnior Scapin, fez uma apresentação divertida. No espírito do enredo “Só com a ajuda do santo”, idealizado pelo carnavalesco Leandro Vieira, os integrantes lembraram o culto ao erês, entidades infantis da religiosidade afro-brasileira e sincretizadas nos santos Cosme e Damião. A comissão da Mangueira arremessou balas, pirulitos e paçocas, fazendo a galera vibrar. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Olivério e Squel Jorgea demonstraram entrosamento e precisão nos movimentos.
Pelas alas da escola, as coreografias surgiam em poucos momentos, mas dando pistas de que simbolizarão momentos importantes do enredo, como a procissão de padre Cícero, o culto a são Jorge e a lavagem da igreja do Bonfim. No restante das alas, a evolução foi espontânea e alegre, com muito samba no pé, dentro do melhor estilo mangueirense. O bom samba-enredo foi cantado em uníssono, guiado pela voz marcante de Ciganerey e pela cadência da bateria dos mestres Rodrigo Explosão e Vitor Art.
A reação da plateia foi inusitada e inédita na história dos ensaios técnicos. Após a passagem da última ala, o público das frisas pulou para a pista e seguiu atrás da escola, relembrando os velhos tempos dos anos 1980, quando a última escola desfilava seguida pelo povão. Só faltou a Mangueira repetir o Carnaval de 1984 e, após chegar à praça da Apoteose, dar meia volta em direção à concentração.
A noite foi encerrada com a passagem do Cordão da Bola Preta, que fez a pista da Sapucaí se transformar em um verdadeiro baile de Carnaval. O Rio de Janeiro definitivamente respira folia e aguarda, ansiosamente, o início dos desfiles das escolas de samba. E os mangueirenses esfregam as mãos na expectativa de colocar a mão em mais uma taça.
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