Sem seu general, Banda Redonda reúne 10 mil no Centro de São Paulo
A tradicional Banda Redonda, criada em 1974, saiu às ruas do Centro de São Paulo nesta segunda (20) fazendo uma homenagem a seu fundador, Carlos Costa, o Carlão, morto no último dia 28 de janeiro. Em seu primeiro desfile sem o seu general, o cordão, que tradicionalmente sempre deixou a concentração às 21h e encerrou às 23h, teve de antecipar a saída por pressão de funcionários da Prefeitura. O cortejo começou às 20h20 e terminou por volta das 22h10, em frente ao Teatro Arena, no Centro. Antes do início, os participantes gritaram “Fora Temer” e “Fora Doria”.
“Por pressão das autoridades fomos obrigados antecipar a nossa saída. É a primeira vez que isso acontece e será a única. O povo tem o direito de se manifestar culturalmente”, disse o radialista Moisés da Rocha, apresentador do programa “O Samba Pede Passagem”, na Rádio USP.
Após a morte de Carlão, o radialista assumiu a direção da banda, que tem como origem a Bandalha, criada em 1972 pelo dramaturgo Plínio Marcos. “Eu me sinto orgulhoso com essa responsabilidade. Carlão e Plínio Marcos foram meus mestres de cultura popular”, disse.
Símbolo da resistência contra a ditadura militar, a Banda Redonda atraiu, segundo os organizadores, 10 mil pessoas. Entre eles, contemporâneos de Carlão. “É triste esse desfile sem ele aqui, mas por outro lado a essência dele está nesse Carnaval”, disse Marrom, de 74 anos, que faz as vezes de mestre-sala do bloco.
O cortejo também foi acompanhando por jovens que, mesmo após um intenso fim de semana de blocos na capital, teve pique para seguir com a maratona na segunda-feira. “É um desfile despretensioso e reúne vários moradores do Centro”, diz João Paulo Lima, de 24 amos.
Filho de Plínio Marcos, Ricardo Barros, acompanhou o desfile. “A alma do Carnaval de São Paulo está aqui. Com percussão, instrumento de sopro e livre para quem quiser vir. Meu pai e Carlão deixaram isso para São Paulo”, disse.
O desfile que começou em frente ao Teatro Arena, passou pela Consolação, Teatro Municipal e Avenida São Luiz reuniu artistas, a comunidade LGBT e famílias moradoras do Centro, incluindo crianças. “Esse bloco é a cara da comunidade LGBT em São Paulo”, disse drag queen Salete Campari, que frequenta a banda há 32 anos.
A banda é uma tradição entre travestis e drags. É superimportante para o movimento gay. Quando não havia Parada Gay, aqui que todos eram recebidos”, observou o cabeleireiro Thiago Gomes, de 30 anos.
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