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Blocos de rua

Foliões sobem em ônibus que ficou no meio de bloco em São Paulo

Mirthyani Bezerra e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

25/02/2017 18h54Atualizada em 26/02/2017 12h07

Foliões subiram em um ônibus da linha 967-A (Imirim-Pinheiros) na rua Rui Barbosa, na região central de São Paulo, durante o desfile do bloco Agrada Gregos neste sábado (25).

Foliões sobem em ônibus que ficou em meio a bloco no centro de São Paulo - Mirthyani Bezerra/UOL - Mirthyani Bezerra/UOL
Foliões sobem em cima de ônibus durante a passagem do bloco
Imagem: Mirthyani Bezerra/UOL
Os organizadores mandaram quem estava em cima do veículo descer. "Vamos descer, galera. A música só vai continuar quando todo mundo descer. Vamos brincar sem destruir o que é nosso", disse o DJ Armando Saulo, 29, um dos fundadores do bloco.

Minutos depois algumas pessoas desceram do teto do veículo, mas o ônibus continuou com as portas abertas. Dois jovens que permaneceram no interior do ônibus quebraram a janela do veículo.

A organização parou novamente na rua e exigiu que os dois saíssem do veículo. "Só vamos continuar quando esses marginais descerem. Vocês não deviam estar aqui. Vocês não são o nosso público", disse Armando.

'Via invadida'

A SPTrans, empresa que gerencia o transporte público na capital paulista, disse que o ônibus foi depredado durante sua operação. "O veículo estava na avenida Brigadeiro Luís Antônio seguindo o seu itinerário programado de acordo com os desvios realizados para permitir o desfile de bloco carnavalesco na região da Bela Vista".

De acordo com a empresa, próximo ao Viaduto Jaceguai, "a via foi invadida por pessoas que saíram do percurso definido para a passagem bloco [na rua Rui Barbosa] e danificaram o coletivo em um ato de depredação".

"O veículo já foi liberado desta região e seguiu sua viagem normalmente para não prejudicar seus passageiros. Posteriormente, ele será levado à garagem para que possam ser efetuados os reparos", disse a SPTrans em nota, lamentando e repudiando "esse tipo de atitude, que não combina com a grande festa que tem se mostrado o Carnaval de Rua paulistano".

Ao UOL, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) confirmou que a ocorrência foi registrada fora do percurso.

'Em cima da hora'

A organização do bloco Agrada Gregos afirmou que seguiu toda a determinação que foi combinada com a Prefeitura de São Paulo. "Na quinta-feira (23), a CET nos disse, em cima da hora, que era responsabilidade do bloco delimitar o espaço reservado para o desfile. Nós fizemos isso. Contratamos cavaletes, marcamos onde o bloco iria passar, mas não temos controle sobre as pessoas e, principalmente, sobre a quantidade de gente que veio ao bloco", explicou Armando.

Segundo ele, a CET não estava preparada para o público. Às 19h20, a estimativa mínima de público era de 60 mil pessoas. "Tivemos 25 mil ano passado. Este ano, de movimentação nas redes sociais, sabíamos que 40 mil viriam. Como a CET não tinha ideia que as delimitações não iam comportar o número de pessoas? É burrice", disse.

Armando afirmou ainda que os organizadores sentem que "a prefeitura cria dificuldades" para o crescimento do Carnaval de São Paulo. "Obedecemos a todas a determinações. Começamos atrasados, mas estamos dentro do horário. A CET que chegou na concentração quando faltava 20 minutos para o desfile e nos pediu para atrasar em meia hora", desabafou.

A organização do Agrada Gregos iniciou a dispersão as 20h30, no final da rua Rui Barbosa, no Bixiga. Um dos fundadores do bloco, o DJ Gabriel Ribeiro, 33, disse que o acordado com a prefeitura era terminar as 22h. "Mas decidimos terminar antes porque tem um número muito grande de pessoas aqui e queremos que todo mundo vá para casa em segurança", disse. A música parou completamente, mas grande parte das pessoas permanece no local.

Sobre as reclamações da organização do bloco, a CET diz que foi apresentada uma previsão de público de cerca de 20 mil pessoas. "No entanto, na concentração [do bloco], a engenharia de campo da companhia notou um número de participantes maior que o informado", diz a CET, em nota, argumentando que o bloco foi monitorado e acompanhado por seus funcionários.

Segundo a CET, a Secretaria Municipal de Prefeitura Regionais acionou a Prefeitura Regional da Sé para que haja medidas de penalização.