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Segunda noite terá primeiras colocadas de 2016 e escolas buscando retomada

Alegorias da Unidos da Tijuca, que consagra a musicalidade com o enredo "Música Na Alma, Inspiração de Uma Nação" - Mauro Samagaio
Alegorias da Unidos da Tijuca, que consagra a musicalidade com o enredo "Música Na Alma, Inspiração de Uma Nação" Imagem: Mauro Samagaio

Anderson Baltar

Colaboração para o UOL, no Rio

27/02/2017 12h41

A segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro terá, como atrativo principal, o encontro entre as três primeiras colocadas do Carnaval de 2016. Mangueira, Unidos da Tijuca e Portela desfilarão juntas na metade final do espetáculo e farão um duelo à parte. O desfile de segunda-feira também terá duas escolas em busca da recuperação após péssimos resultados e uma agremiação que busca consolidar o seu espaço na folia carioca.

A noite será aberta pela União da Ilha do Governador. A escola, que nunca conquistou o título mas marcou a história do Carnaval graças a seus sambas famosos, há alguns anos vinha devendo uma boa obra musical. Em 2017, a tricolor entra na avenida embalada por um dos melhores sambas do ano. Com o enredo “Nzara Ndembu – Glória ao Senhor Tempo”, a Ilha apresentará a lenda da criação do mundo na mitologia angolana e traz um carnavalesco estreante: Severo Luzardo, que se destacou no ano passado no Império Serrano. Penúltima colocada em 2016, a Ilha se reforçou para se recuperar na tabela e, quem sabe, beliscar uma vaga entre as seis primeiras. Carlinhos de Jesus é o coreógrafo da comissão de frente e o casal Phelipe Lemos e Dandara Ventapane vieram da Vila Isabel. A porta-bandeira, por sinal, é neta de Martinho da Vila.

A segunda escola a desfilar será a São Clemente. Com mais um trabalho de Rosa Magalhães, a amarela e preta de Botafogo levará para a avenida uma história real ocorrida na França nos tempos do rei Luis XIV. A fábula do ministro da Fazenda que constrói um castelo nababesco e é preso pelo rei por mal versação do dinheiro público poderia ser aplicada ao Brasil atual. Porém, a carnavalesca desconversa através do curioso nome do enredo: “Onisuáquimalipanse”. Afastada das últimas colocações desde a chegada de Rosa, a São Clemente sonha com voos mais altos – a realização do sonho de desfilar entre as campeãs.

Em seguida, será a vez da Mocidade Independente de Padre Miguel. Ausente do Desfile das Campeãs desde 2003, a verde e branca vem de um dolorido décimo lugar em 2016. Prontos para recuperar a auto-estima, os independentes vão para a avenida com um samba que foi aclamado pela quadra e tem rendido ótimos ensaios. O enredo “As mil e uma noites de uma Mocidade pra lá de Marrakech”, do carnavalesco Alexandre Louzada, promoverá uma viagem pela história e tradições do Marrocos. O desfile marcará a reestreia do intérprete Wander Pires. Cria da escola, ele volta a desfilar na Mocidade após oito anos de afastamento.

Uma das escolas mais regulares dos últimos anos, a Unidos da Tijuca é uma agremiação que tem vários quesitos fortes. No ano passado, perdeu o título para a Mangueira por apenas um décimo. Neste Carnaval, os carnavalescos Mauro Quintaes, Annik Salmon, Marcus Paulo e Hélcio Paim prepararam um desfile sobre a história da música norte-americana: “Música na alma, inspiração de uma nação”. O fio condutor do enredo é um encontro real entre Louis Armstrong e Pixinguinha, ocorrido em 1957.

Maior campeã do Carnaval carioca, com 21 conquistas, a Portela aposta todas as suas fichas no talento do carnavalesco Paulo Barros e na força de sua comunidade para romper o jejum de 33 anos sem títulos. Com um enredo sobre a importância dos rios para a humanidade (“Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar”), a azul e branca promete mais um show de modernidade – marca registrada de Barros – e de tradição, como bem sabe mostrar a Portela. Recuperando-se ainda do baque do assassinato de seu presidente, Marcos Falcon, ocorrido em setembro passado, a Portela espera conquistar os jurados com um desfile com fortes pitadas de emoção. Uma das atrações será a velha guarda, que virá no último carro em uma surpresa guardada a sete chaves pelo carnavalesco.

A campeã de 2016, Estação Primeira de Mangueira, encerrará o desfile. Com o enredo “Só com a ajuda do santo”, baseado na religiosidade do brasileiro, o carnavalesco Leandro Vieira espera conquistar mais uma vez a consagração do público e júri. Para isso, preparou um visual bastante caprichado e com diversas estéticas – do barroco demonstrado nas manifestações católicas até o grafite para retratar as entidades da umbanda que cuidam das ruas. O bom samba-enredo também promete ser um dos destaques. A porta-bandeira Squel, que brilhou no desfile de 2016, dançará com um novo par, o seu tio Matheus Olivério.

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