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Anderson Baltar

Viradouro e Unidos de Padre Miguel "sobram" e disputarão título da Série A

Raissa Machado, rainha de bateria da Unidos de Viradouro, em desfile pela Série A do Carnaval Carioca - André Fabiano/Código19/Folhapress
Raissa Machado, rainha de bateria da Unidos de Viradouro, em desfile pela Série A do Carnaval Carioca Imagem: André Fabiano/Código19/Folhapress

11/02/2018 06h37

A segunda noite de desfiles da Série A, no Carnaval carioca, trouxe, além de boas baterias, as duas escolas que irão disputar, décimo a décimo, a única vaga para o Grupo Especial: Unidos do Viradouro e Unidos de Padre Miguel. Em um ano marcado pelas dificuldades financeiras, as duas agremiações se destacaram com alegorias e fantasias luxuosas, que destoaram do nível das demais concorrentes.

A primeira escola a desfilar foi a Alegria da Zona Sul. Contando a história da guerreira negra Luiza Mahin, que liderou a Revolta dos Malês, na Bahia, a escola de Copacabana apresentou-se com muita garra, a despeito das fantasias e alegorias modestas. O bom samba-enredo funcionou e empolgou seus componentes. Apesar das poucas condições, a agremiação deverá conseguir a permanência no grupo para o Carnaval 2019.

A Acadêmicos de Santa Cruz entrou em seguida trazendo um time formado por veteranos. Cantando o samba, o performático Quinho, que fez história no Salgueiro e União da Ilha. Seu carnavalesco, Max Lopes, foi campeão na Mangueira e na Imperatriz. O mestre-sala, Rogério Dornelles, brilhou por muitos anos na Mocidade. Mas, apesar disso, a escola passou por muitos percalços. A evolução foi prejudicada pelo último carro, que teve problemas para entrar na avenida e causou um grande buraco de mais de 100 metros. O enredo, sobre a esperança, foi apresentado de forma confusa e o samba não empolgou.

A Unidos do Viradouro foi a terceira a desfilar e entrou causando muito impacto com os grandiosos carros alegóricos e fantasias caprichadas. A bateria foi uma das melhores do grupo, apresentando um entrosamento total nas paradinhas. O intérprete Zé Paulo Sierra, fantasiado de Michael Jackson, foi um dos destaques do desfile, valorizando um samba que era pouco cotado no período pré-carnavalesco. A comissão de frente conquistou o público, trazendo uma máquina da juventude em que os componentes se transformavam em crianças. O que pode prejudicar a escola foram os problemas de iluminação no abre-alas.

Em seguida, a Acadêmicos da Rocinha trouxe um enredo inédito para a avenida, abordando a história da xilogravura, assinado pelo carnavalesco Marcus Ferreira – campeão em 2017 com o Império Serrano. Com um outro show de bateria e uma ótima participação do intérprete Leléu, a Rocinha ressentiu-se de um canto mais empolgado de seus componentes e também sofreu com problemas de acabamento nas alegorias e falta de vários elementos em algumas fantasias. Quatro alas não apareceram e prejudicaram a leitura do enredo. Certamente, a Rocinha ficará na parte de baixo da tabela.

Acadêmicos do Cubango foi a quinta escola a desfilar e apresentou um enredo sobre Arthur Bispo do Rosário. Apesar da pouca verba, a escola de Niterói fez bonito, apresentando alegorias bem acabadas e fantasias caprichadas e com uma paleta de cores agradável. O samba foi bem interpretado por Evandro Malandro e a bateria, com uma cadência tradicional, embalou um desfile de evolução contínua e animada. Driblando as adversidades, o Cubango deverá ficar entre as primeiras colocadas, mas sem ter atingido o nível da disputa do título. Na dispersão, dois carros alegóricos quebraram e atrasaram a entrada da escola seguinte.

A penúltima escola foi a Inocentes de Belford Roxo. O carnavalesco Wagner Gonçalves apresentou um enredo sobre a cidade de Magé, na Baixada Fluminense. Ao longo das alegorias e fantasias, foram apresentados aspectos do candomblé e da umbanda, a colonização da região e uma homenagem a Mané Garrincha, que nasceu na cidade. O bom samba passou embalado por outra boa bateria. Porém, a escola desfilou com frieza e as alegorias pecaram no acabamento.

Encerrando o desfile, a Unidos de Padre Miguel apostou no impacto visual para fazer uma homenagem a Parintins. O trabalho assinado por João Vitor Araújo impressionou pelo gigantismo de alegorias e fantasias. Um dos momentos mais aplaudidos foi a apresentação do primeiro casal da escola, Vinicius e Jéssica – que teve uma queda no desfile do ano passado. A apresentação dos dançarinos, recuperados do acidente, emocionou o público. O bom samba-enredo, cantado por Pixulé empolgou o público. A Unidos, que vem fazendo grandes desfiles nos últimos anos, disputará ferrenhamente o campeonato com a Viradouro.

Anderson Baltar