Bloco no RJ reúne sereias, tapa-mamilos e protestos contra Crivella e Temer
À beira da baía que inspirou seu nome, o bloco Sereias da Guanabara reuniu foliões na Praça Marechal Âncora, no Centro do Rio. A concentração começou às 16h, mas cerca de uma hora antes o público já começava a chegar para prestigiar o bloco. No som, MPB, axé e pop, celebrando a temática “fundo do mar”.
Desfilando pelo segundo ano consecutivo, o bloco convida os foliões para um “mergulho sem opressão”, em defesa da diversidade e do respeito.
"Queremos celebrar a causa LGBT, mas também as causas feministas, do movimento negro. Sobretudo, somos um bloco que preza pelo respeito", explica Jorge Badaue, um dos fundadores e DJ do bloco.
À frente do carro de som - o Sereias não tem banda nem bateria -, a drag queen Aurora chamava atenção com a fantasia de sereia na cor marrom, em referência à poluição da Baía de Guanabara.
"Um bloco que acontece na rua ter uma pessoa montada como referência é incrível. Geralmente, os blocos não colocam drag queens nessa posição. As drags vão de abusadas nos lugares. É muito importante que as drags ocupem todos os espaços, especialmente, os espaços públicos”, comentou Aurora.
Os amigos Rafael Giovannini, 35, Jhonny Marinho, 24, e Tiago Cellos, 24, confeccionaram suas fantasias de sereia especialmente para o bloco. "Viemos bem ‘sereiudos’, afinal, essa cidade é do mar. Adoramos o clima, nos sentimos acolhidos se seguros. Os blocos héteros têm muito a aprender com blocos da diversidade", avaliam.
Oliver Martins, 34, Alexandre Tenuya, 32, e Bruno Laguetta, 31, também criaram as suas próprias fantasias de sereia, com calça azul de escamas e até adereços de led na sobrancelha.
"Estamos num momento de sair para a rua, mostrar a diversidade e mostrar que o respeito tem que prevalecer. Esse é um bloco que todo mundo se protege, protege as mulheres também", comentou Bruno.
As primas Raphaela Salustriano, 21, e Priscila Salustriano, 26, celebraram a diversidade vestidas de Mulher Maravilha e Super Homem, respectivamente. Usando apenas um adesivo para cobrir os mamilos, Raphaela saiu em defesa da não objetificação do corpo feminino. “Eu sou meu próprio corpo, faço o que eu quero. Só não me toque. Apenas se eu permitir”, protestou.
A curitibana Fernanda Pompermayer, 24, está no Rio para curtir o Carnaval pela terceira vez. Ela compôs sua fantasia de sereia com uma calça verde e um “tapa mamilos”. "Me sinto à vontade para ficar assim só blocos que defendem a diversidade. Acho que isso choca até as mulheres, algumas ficam ofendidas. Mas mostrar o corpo é um ato de resistência", afirma.
Entre os foliões, também não faltaram protestos contra o prefeito da cidade. Vestido de freira para afrontar o conservadorismo, Jefferson Silva, 31, não poupou críticas a ele. "Querer determinar horário para o encerramento dos blocos, pedir que as pessoas não bebam... Ele quer que o Rio não seja o Rio!"
Um grupo de amigos também trouxe suas críticas às propostas de Crivella. Aos gritos de “abaixa o IPTU”, eles saíram vestido de talão do imposto, em protesto contra o aumento determinado pela prefeitura.
“Com esse protesto, também estamos alinhados com a temática do bloco. Nosso IPTU aumentou em 40%. Lugar de Bispo é na Igreja”, disseram eles.
Apesar da ausência de agentes da Guarda Municipal e do estado, o clima de tranquilidade e segurança foi predominante. A reportagem do UOL também não encontrou nenhum banheiro químico na Praça Marechal Âncora.
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