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Blocos de rua

Tarado Ni Você consagra festa contra caretice em São Paulo

Sara Puerta

Colaboração para o UOL

10/02/2018 19h00

"A gente tá contra essa caretice, ou não tá?", provocou Zé Ed, vocalista do Bloco Tarado Ni Você, que desfilou no início da tarde deste sábado (10) , pelas ruas do centro de São Paulo, arrastando uma multidão. O bloco partiu da esquina mais famosa da cidade: a Ipiranga com a São João.

Com seu ode a Caetano Veloso, o Tarado também se firma como o bloco da liberdade e do engajamento. Bento Nestro Gil, da Alemanha e que mora no Brasil há 10 anos, curte o bloco principalmente pelo seu foco em sustentabilidade com mensagens política.

No desfile deste sábado veio acompanhado da filha de três anos. "Na Alemanha a gente também tem um Carnaval nesses mesmos dias, pessoas fantasiadas com a diferença que é frio. Mas aqui a música é muito mais envolvente e o calor ajuda muito".

Flávia, que não quis identificar o sobrenome, estava com os chifres do tema "Profane" e os seios a mostra. "Que maravilha poder romper a vergonha, não se importar se meu peito é isso ou aquilo e simplesmente viver essa festa", disse, e acrescenta que só escolhe o topless no bloco do Tarado: "sinto segurança de estar assim só aqui".

No início do desfile, Thiago Borba, um dos fundadores do bloco, fez uma abertura, explicando o tema Profane: "Estar na rua hoje é resistência. Profane tem um significado duplo, e ele é sobre liberdade de ser o que é, de nós reconhecer diversos. Essa revolução pessoal, levará a revolução coletiva."

O Tarado é famoso também pela qualidade musical dos integrantes da banda. Rafael Palombo, fantasiado de pássaro, em referência a música "Pássaro Proibido", do cantor baiano, só vai neste bloco e o acompanha há três anos. "Para mim é o melhor bloco. É o único que eu vou. O resto do Carnaval é só descanso."

Assim como Rafael, as músicas do Caetano serviram de inspiração para fantasias. Entre "leõezinhos" e "odaras", "vacas profanas" tomaram as ruas. Entre elas, a "Vaca Progressista", de Rafael Arantes, natural de Brasília e recém chegado a São Paulo para morar.

"A gente tem que escolher que tipo de vaca que vai alimentar. As conservadoras não devem comer", disse. A fantasia também fazia alusão ao meio ambiente.

"Aproveitamos o bloco para mandar uma mensagem pela nossa fantasia, inclusive de indignação", acrescentou.

Chama a atenção também, até pelo engajamento, o brinco do "Fora Temer" e mensagens na camiseta em relação a situação atual: "Deus abençoe quem pensa que não foi golpe" e "Me beija que não sou golpista".