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Superando crise, Grupo Especial do Rio deve ter desfile equilibrado

Integrante da Portela, escola vencedora do Carnaval 2017 ao lado da Mocidade - Bruna Prado/UOL
Integrante da Portela, escola vencedora do Carnaval 2017 ao lado da Mocidade Imagem: Bruna Prado/UOL

Anderson Baltar

Do UOL, no Rio

11/02/2018 16h00

Após um período de preparação conturbado, marcado por redução e atraso de verbas e barracões fechados por conta do Ministério Público do Trabalho, as escolas do Grupo Especial chegam ao seu primeiro dia de desfile sob o signo da contenção de gastos, reciclagem de material e aposta maior nos chamados quesitos “de chão”, como samba-enredo, bateria e evolução. Sem nenhuma escola com dinheiro de sobra, teremos uma disputa que promete ser uma das mais equilibradas de todos os tempos.

Voltando ao Grupo Especial, de onde estava ausente desde 2009, o tradicional Império Serrano, nove vezes campeão do Carnaval carioca, fará um desfile com o objetivo claro de permanecer entre as grandes. E a tarefa neste ano é ainda mais difícil, já que, por conta do não rebaixamento de 2017, duas escolas irão para a Série A. Para romper o incômodo tabu, a verde e branca trará um enredo sobre a China, elaborado sem patrocínio e com grandes dificuldades econômicas. Com muita disposição, o Império aposta na força do seu samba, de sua bateria e na empolgação de seus fiéis e apaixonados componentes.

Segunda escola a desfilar, a São Clemente vive uma situação oposta à do Império Serrano: está em seu maior período ininterrupto de aparições entre as grandes – desde 2011 no Grupo Especial. Nos últimos anos, vem num processo de estabilização no pelotão intermediário, mas, após o Carnaval passado, perdeu a carnavalesca Rosa Magalhães para a Portela. Em seu lugar, trouxe um jovem artista com passagem marcante pelo Carnaval de São Paulo: Jorge Silveira, que obteve o vice-campeonato em 2017 pela Dragões da Real. Para 2018, o carnavalesco prepara um desfile sobre os 200 anos da Escola de Belas Artes, fundada pela Missão Artística Francesa e responsável por formar grandes carnavalescos, como Fernando Pamplona e (olha ela de novo!) Rosa Magalhães. Apesar da ordem de desfile ingrata, os clementianos sonham em beliscar uma vaga no sábado das campeãs.

Desde que foi campeã em 2013, a Unidos de Vila Isabel entrou em uma má fase. Sequer voltou nas campeãs desde então. Para voltar a ser competitiva, a azul e branca abriu os cofres e contratou o carnavalesco Paulo Barros, campeão em 2017 pela Portela. Trabalhando ao lado de Paulo Menezes, Barros criou um enredo sobre a busca do ser humano pelo futuro através das invenções. Com um desfile tecnológico e repleto de surpresas, a Vila Isabel pisará forte na Sapucaí com o objetivo de voltar a disputar títulos. Se já conseguirá logo no primeiro ano, somente o desempenho na pista dirá.

Envolvida no acidente que matou uma radialista e deixou 19 feridos, o Paraíso do Tuiuti não foi rebaixado em 2017, apesar de ter ficado em último lugar. Disposta a mudar o rumo da história, a escola de São Cristóvão traz um dos enredos mais comentados da temporada, sobre os 130 anos da Lei Áurea. Na proposta do carnavalesco Jack Vasconcelos, a discussão é levada até os dias atuais e, em seu último setor, a escola trará alas contra a reforma trabalhista e ironizando os protestos que culminaram na ascensão de Michel Temer à presidência da República. O presidente estará representado na última alegoria como um vampiro cercado de patinhos. Com polêmica e um dos mais belos sambas do ano, o Tuiuti quer fugir da degola e se manter no Grupo Especial.

Conhecida pelo luxo e pela grande quantidade de celebridades em seus desfiles, a Grande Rio aposta pesado para conquistar, em 2018, o seu tão sonhado título inédito. Contratada a peso de ouro, a dupla de carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage levará para a Sapucaí uma homenagem ao comunicador Chacrinha, que, em 2017, completaria 100 anos se vivo fosse. Com belos carros alegóricos e um samba que, apesar de não ser brilhante, é bastante animado, a Grande Rio quer conjugar requinte e diversão e conquistar, de uma vez por todas, os corações do público e jurados.

Quando entrar na avenida, por volta das 4 horas da manhã, a Estação Primeira de Mangueira promete fazer o Sambódromo se transformar em uma grande celebração ao Carnaval e, sobretudo, de protesto contra a postura do prefeito Marcelo Crivella em relação à festa. Com um samba vibrante e carros alegóricos requintados, o carnavalesco Leandro Vieira pretende contar a história e o legado do Carnaval para a cidade do Rio de Janeiro e provocar, literalmente, um “arrastão” de alegria pela pista da Sapucaí. Mais de mil componentes dos blocos de rua marcarão presença em um desfile que promete sacudir as arquibancadas. A confirmar a expectativa criada, a verde e rosa é forte candidata ao título.

Campeã após a Liesa reconhecer um erro na distribuição do material para os jurados, a Mocidade Independente de Padre Miguel pretende mostrar que tem condições de conquistar o bicampeonato e, desta vez, sem qualquer tipo de polêmica. Com um enredo semelhante ao do ano passado, a escola falará sobre a ligação cultural entre a Índia e o Brasil. Trazendo um dos melhores sambas do ano, a verde e branca aposta em um visual luxuoso e na força da sua tradicional bateria para se credenciar a mais uma festa na Quarta-feira de Cinzas. 

Veja os horários dos desfiles deste domingo no Rio de Janeiro:

21h15 - Império Serrano:
Enredo: O Império na rota da China

22h20 - São Clemente
Enredo: Academicamente popular

23h25 - Unidos de Vila Isabel
Enredo: Corra que o futuro vem aí!

0h30 - Paraíso do Tuiuti
Enredo: Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?

1h35 - Grande Rio
Enredo: Vai para o trono ou não vai?

2h40 - Mangueira
Enredo: Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco

3h45 - Mocidade Independente
Enredo: Namastê... A estrela que habita em mim saúda a que existe em você