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Blocos de rua

Bloco mais antigo de São Paulo arrasta foliões pelo centro da cidade

Foliões do Bloco dos Esfarrapados agitam a rua da Bexiga nesta segunda (12) em São Paulo - 	Cris Faga/Fox Press Photo
Foliões do Bloco dos Esfarrapados agitam a rua da Bexiga nesta segunda (12) em São Paulo Imagem: Cris Faga/Fox Press Photo

Camila Boehm

Da Agência Estado

12/02/2018 19h37

Há 71 anos desfilando pelo centro da capital paulista, o bloco carnavalesco mais antigo da cidade - o Bloco Esfarrapados - saiu hoje (12) pelas ruas do Bixiga, região central, para animar moradores e foliões fiéis que acompanham seu desfile há anos. A concentração ocorreu desde as 10h na rua Conselheiro Carrão, com a presença de muitas crianças. Por volta das 14h, começou o desfile pelas ruas do bairro, incluindo um trecho da avenida Brigadeiro Luís Antônio e da rua Treze de Maio.

O bloco, que surgiu no carnaval de 1947, foi fundado pelos amigos Armandinho Puglisi, Walter Taverna, Tinin, Capuno e Carabina. Segundo os organizadores, na época, cada um deles providenciou uma fantasia e, com algumas latas vazias e panelas, saíram batucando pelas ruas do bairro. Em todo esse tempo, o bloco nunca deixou de sair no carnaval.

"Ser o bloco mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do Brasil é muita responsabilidade. Dependemos basicamente da nossa comunidade, que confia no nosso trabalho. Nossa força vem da tradição, nós sempre estamos voltados a manter dignamente o bloco nas ruas com tudo aquilo que ele já fez ao longo do tempo de seus 71 anos", disse Maurizio Bianchi, presidente do bloco.

À frente dos dois carros de som que fazem parte do bloco, a réplica de um bonde abria caminho pelas ruas do bairro. "O bonde foi resgatada por ocasião dos 70 anos do bloco, que foi o ano passado, e ele é uma réplica autêntica do bonde que circulava pelas ruas do Bixiga nos anos 60. Ele é idêntico, só que agora no formato de ônibus, porque não temos mais os trilhos do bonde para ele poder circular", explicou Bianchi. Dentro do bonde estavam idosos, crianças, gestantes, mulheres com crianças de colo e cadeirantes.

A foliã Cristiane Rocha cresceu e foi criada no Bixiga, mas atualmente mora no bairro da República. Ela acompanha o Esfarrapados desde criança, entre as décadas de 80 e 90. Neste ano, casada e na companhia de irmãos e cunhados, ela pulou o carnaval novamente nas ruas do bairro. "Conheço o bloco há muitos anos já, é sensacional. É um bloco antigo, um bloco família, que você pode trazer seus filhos, vem casais. É um bloco bem animado, toca as marchinhas antigas de carnaval para a gente lembrar o que é o carnaval raiz".

Moradora de Ribeirão Pires, na região metropolitana de São Paulo, Sílvia de Fátima Melo escolheu levar os netos de cinco e sete anos, a filha e o marido para o Esfarrapados por causa da tradição. "Eu acompanhei [o bloco] no ano passado e achei perfeito. É importante trazer as crianças para o bloco, para elas sentirem a essência do carnaval como era antigamente, e só o Esfarrapados tem isso", disse.

O paulistano Carlos Schmitt, morador do Jardim Paulistano, chegou ao Esfarrapados com a esposa também no ano passado, depois de boas recomendações sobre o bloco. "A recomendação era de tradição, família, pessoal fantasiado, dava uma volta bacana [pelo bairro], marchinhas e adoramos. Foi um supercarnaval no ano passado e vamos repetir a dose este ano. É maravilhoso descobrir a rua, acho que esse é o sentido, não aquele luxo, aquela apoteose das praças de samba, é muito comercial. Isso aqui é mais a gente".