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Morre Marcelo Yuka, fundador d'O Rappa, aos 53 anos no Rio

Daryan Dornelles/Divulgação
Imagem: Daryan Dornelles/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

19/01/2019 01h35

O músico Marcelo Yuka, ex-baterista e um dos fundadores do grupo O Rappa, morreu na noite desta sexta-feira (18) aos 53 anos. A informação foi confirmada ao UOL pela assessoria do hospital Quinta D'Or, do Rio de Janeiro, onde ele estava internado desde dezembro.

Conforme o UOL apurou, Yuka apresentava quadro de infecção generalizada após sofrer um segundo AVC (acidente vascular cerebral). A saúde de Yuka, que ficou paraplégico em 2000 ao ser baleado em um assalto no Rio, vinha se deteriorando desde agosto de 2018, quando ele sofreu um primeiro derrame.

Carreira

Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana nasceu no Rio de Janeiro em 31 de dezembro de 1965 e trabalhou com música desde 1993, quando fundou O Rappa junto com o baixista Nelson Meirelles, o tecladista Marcelo Lobato e o guitarrista Alexandre Meneses.

Com Yuka como principal compositor, O Rappa logo virou um dos principais destaques do cenário do rock brasileiro, principalmente pelas letras ácidas e por misturar diversos estilos musicais como rock, reggae, dub, rap e samba rap.

Entre as principais músicas escritas por Yuka n'O Rappa estão "Todo Camburão tem um Pouco de Navio Negreiro", "Me Deixa", "Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero)" e "Pescador de Ilusões".

Marcelo Yuka no "Conversa com Bial" - Reprodução/Globoplay - Reprodução/Globoplay
Marcelo Yuka no "Conversa com Bial"
Imagem: Reprodução/Globoplay

Em 2000, o baterista ficou paraplégico após ser baleado durante uma tentativa de assalto no Rio. A saída dele d'O Rappa se deu no ano seguinte, quando, segundo Yuka, os companheiros de banda o expulsaram por diferenças criativas.

Fora do grupo, Yuka montou o F.U.R.T.O. (sigla para Frente Urbana de Trabalhos Organizados), que seguiu com um estilo semelhante ao do Rappa, marcado principalmente pelas letras ácidas.

No âmbito político, Yuka se filiou ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) em 2010 e saiu como candidato a vice-prefeito no Rio na chapa de Marcelo Freixo em 2012, mas sempre garantiu que não pretendia seguir uma carreira política.

Naquele mesmo ano, foi lançado o documentário "Marcelo Yuka no Caminho das Setas", de Daniela Broitman, premiado no Festival do Rio. Ativista, o baterista lançou em 2014 a autobiografia "Não se Preocupe Comigo", falando de sua trajetória e de suas ideologias.

Seu trabalho mais recente na música é o disco "Canções Para Depois do Ódio" (2017), que traz músicas sobre a sociedade atual em uma visão otimista, com parcerias com Céu, Black Alien, Seu Jorge, Bukassa Kabengele e outros convidados. Ele não conseguiu fazer a turnê do álbum por causa de problemas de saúde, mas realizou alguns shows.

Paralelamente, Yuka dava vazão também a um lado menos conhecido: o de artista plástico. Pintor diletante, tem centenas de obras em sua casa.