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Opinião: GloboPlay ainda está longe de merecer seu rico dinheirinho

Chico Barney

10/11/2018 18h25

Foto: Divulgação

Uma das grandes apostas da Globo para os próximos tempos é a plataforma de streaming chamada GloboPlay. Para tanto, está lançando séries exclusivas e fazendo o possível para comunicar a existência do aplicativo em todas as suas frentes.

Mas será que a grande produtora de conteúdo do país está entendendo direito os recados do mercado em relação ao que é uma plataforma de streaming? Tenho cá minhas dúvidas.

Anotei algumas das lições mais importantes da maior referência no assunto, a Netflix, e a maior promessa, a Disney, para ajudar a levar alguns insights aos executivos de Curicica.

Não é sobre séries

Este homem parece galã de TV para você? (Foto: Divulgação/Netflix – Making a Murderer)

Virou carne de vaca o pensamento de que as pessoas pagam uma grana para assistir séries a qualquer momento no conforto de seus lares. Ledo engano. Elas pagam para assistir atrações televisivas relevantes a qualquer momento no conforto de seus lares.

A Globo não é exatamente uma grande sumidade quando o assunto é seriado. Vamos e venhamos, ninguém se importa com "Carcereiros" ou "Sob Pressão", e duvido que o barulho do marketing em torno de "Assédio" e "Ilha de Ferro" seja suficiente para mudar essa tendência.

Não é isso que fará o cidadão que já paga por Netflix e Amazon tirar o escorpião do bolso para investir mais uns caraminguás na GloboPlay. São produtos que não engajam o suficiente na TV aberta, imagina com o pedágio proposto.

Para a sorte de todos os envolvidos, a Globo tem outras especialidades. Entenderei que a empresa leva a sério a aposta no universo digital quando se propuser a criar grandes documentários sobre temas relevantes, aproveitando o excelente elenco de jornalistas que possui em sua folha de pagamento. Quem lembra do salto que a Netflix deu com "Making a Murderer"?

Também acredito que a exclusividade de novelas curtas, como as experiências realizadas no horário das 11, pode ser um fator convincente na hora da assinatura. "La Casa de Papel", por exemplo, não segue os preceitos básicos de uma série "enlatada" como a Globo tenta emular atualmente.

Personagens conhecidos

Se funcionou com "Sabrina", será que Juba & Lula tem chances? (Foto: Reprodução)

A Disney está gastando uma nota para contar com Tom Hiddleston e a irmã mais nova das gêmeas Olsen para reprisarem seus papeis como Loki e Feiticeira Escarlate no streaming que a gigante do entretenimento lançará em breve. Está usando personagens populares, amplamente reconhecidos e amados pelos milhões de fãs do Universo Cinematográfico da Marvel, para incentivar a chegada de assinantes.

Enquanto isso, a Globo aposta apenas no poder de atração de seus atores, como se estes fossem maiores que as efeverscentes criações dramatúrgicas ao longo de tantas décadas. Não são! A rapaziada de Curicica precisa parar de achar que Cauã Reymond é a solução para tudo e aprender com a Disney: quem tem Mickey, tem tudo.

Já pensou um remake de grandes novelas, atualizadas como filmes, séries ou minisséries, com novos atores? Ou o resgate de personagens de sucesso em novas roupagens? O pulo do gato está aí.

Além disso, é evidente que a usabilidade do aplicativo, seja em gadgets móveis ou na TV, ainda precisa evoluir muito. Existe certa ansiedade do mercado para entender quais serão as novidades nos próximos meses. Torço pelo sucesso da iniciativa e espero que os responsáveis leiam este texto.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.

Sobre o autor

Entusiasta e divulgador da cultura muito popular. Escreve sobre os intrigantes fenômenos da TV e da internet desde 2002