Topo

RJ: Grupo de Acesso poderá ter desfiles sem cobrança de ingressos

Wallace Palhares - Divulgação
Wallace Palhares Imagem: Divulgação

09/09/2019 18h42

Após o anúncio do prefeito Marcelo Crivella de que não haveria repasse de verbas para as escolas que desfilam no Sambódromo por conta da cobrança de ingressos em seus desfiles, a Série A, equivalente ao Grupo de Acesso, ficou em uma situação delicada. Sem as mesmas condições de faturamento e comercialização das escolas do Especial, estas agremiações, que costumam gastar aproximadamente 10% do que uma co-irmã do desfile principal, ficaram sem qualquer perspectiva de obtenção de verba para os seus cortejos.

Em entrevista à coluna, o presidente da Lierj (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Wallace Palhares, afirma que, para ter direito à subvenção oficial, as escolas da Série A informaram à Prefeitura que abrem mão da venda de ingressos. E também revela que vão de vento em popa as negociações com o Governo do Estado para uma subvenção suplementar e a construção de barracões para as escolas. Confira:

Como está a situação exata da Série A ao que diz respeito à verba pública?

Temos uma conversa interessante com o Governo do Estado, que está disposto a ajudar, independentemente se vai assumir ou não o Sambódromo. Essa é a palavra do secretário estadual de Cultura, Ruan Lira, que tem visitado as escolas e barracões da Série A e entende a nossa realidade. No caso da Prefeitura, enviamos um documento abrindo mão da cobrança de ingressos para que possamos fazer jus ao pagamento da subvenção para as escolas. Nossa realidade é bem diferente do Grupo Especial.

Vocês abririam mão de vender arquibancadas e frisas? A Liesa já foi consultada a respeito?

Exatamente. Não haveria cobrança de ingressos de arquibancadas e frisas. A Liesa, como detentora de uso do espaço ainda não foi consultada, mas creio que não será empecilho. O desfile já aconteceu várias vezes de forma gratuita. Pedimos à Prefeitura que reconsidere essa situação. Podemos abrir mão da bilheteria sem problemas.

Quanto as escolas ganham de bilheteria na Série A?

Fica de R$ 80 mil a R$ 100 mil. Abriríamos mão para ter um aporte maior da Prefeitura. No ano passado foi acordado que o pagamento seria de R$ 250 mil, mas, na verdade, a parcela final, pós-prestação de contas, ainda não foi depositada. Assim, as escolas receberam um pouco mais de R$ 200 mil. Cabe lembrar que, desde que a Prefeitura passou a cortar as verbas, a Série A foi sacrificada em 75%. Cada escola recebia R$ 800 mil. São escolas modestas, de comunidade, sem o potencial de arrecadação das co-irmãs do Especial.

No último Carnaval, o repasse foi no dia do desfile. Um prazo melhor também já vem sendo conversado com os governos estadual e municipal?

Sem dúvida. Não adianta receber no dia do desfile. Dinheiro não compra tempo. Usamos a verba para pagar fornecedores e a sorte é que temos como emitir carta de crédito para as escolas. Mas o pagamento de mão de obra fica completamente comprometido. O Governo do Estado diz que a verba está em fase de estudo e está conversando com empresas para que tudo ande. Mas estamos reforçando a importância do dinheiro sair em tempo hábil.

Como estão as negociações para resolver o problema dos barracões das escolas, que em sua maioria, ficam em instalações precárias e ameaçadas de despejo?

Estamos dando uma atenção às escolas, visitando os barracões e ajudando-as a permanecerem nos locais. E também, prospectando terrenos para a construção da tão prometida Cidade do Samba 2. O Governo do Estado se colocou à disposição para tocar o projeto, que seria um investimento importante para dar melhores condições de trabalho. O governador Witzel pediu para levantar as situações dos terrenos que pleiteamos para, posteriormente, formalizar os pedidos de desapropriação e cessão. Há encontros semanais com o a Secretaria Estadual de Cultura para tocar esse tema. Esperamos avançar muito nisso até o Carnaval 2021.

Anderson Baltar