A era dos blocos gigantes

Público colossal invade avenidas e parques para pular o Carnaval da diversidade

Do UOL, em São Paulo
Samuel Chaves/Brazil News

Os blocos não têm mais fronteiras. Pode ser em São Paulo, no Rio de Janeiro ou em Belo Horizonte. Escolha os locais: os centros turísticos de Ipanema, Leblon e Copacabana; as regiões mineiras de Santa Tereza e central ou os bairros paulistanos de Pinheiros, Ipiranga, Centro, Ibirapuera e a avenida 23 de Maio. Em todos eles, os foliões transbordam.

A opção da Avenida 23 de Maio como palco dos megablocos de São Paulo aparentemente mostrou-se acertada. Com pelo menos três estações de metrô nas imediações - Paraíso, Vergueiro e São Joaquim - os foliões puderam usar o transporte público sem encontrar armadilhas como a da estação Faria Lima. 

No pré-Carnaval, o fluxo de foliões voltando de blocos na Avenida Faria Lima ficou todo concentrado na estação, paralisando-a. Nas estações que servem a 23 de Maio isso não aconteceu. Apesar do grande movimento de foliões, era possível passar pelas catracas e acessar as diferentes saídas sem grandes problemas. O cenário era parecido do lado de fora: apesar de muita gente cruzando a avenida Domingos de Moraes e rua Vergueiro, não houve problemas com o tráfego, que fluia normalmente enquanto a massa festeira chegava. 

No Rio, foliões reclamam da superlotação, da falta de banheiros para todo mundo e da insegurança mas não deixam de frequentar os megablocos da cidade. São os cortejos que recebem, em média, 500 mil pessoas ou mais. O primeiro a desfilar este ano foi o Bloco da Preta, no Centro. Fãs e foliões chegaram cedo à Rua Primeiro de Março, onde o trio da cantora começou seu trajeto. A organização confirmou meio milhão de pessoas, mesmo número de 2017. Apesar do aperto - a rua é estreita, só alargando na Avenida Presidente Antônio Carlos, onde o trio ficou parado por horas -, o público foi ao delírio.

Em Belo Horizonte, a cantora Michelle Andreazzi fez um discurso em defesa da mulher contra o assédio e pelo prazer feminino no sexo. A fala ocorreu durante o desfile do bloco Então Brilha. Um dos maiores da capital mineira, o bloco arrastou 100 mil pessoas desde as primeiras horas da manhã e até o meio-dia deste sábado (10) entre a rua Guaicurus e a praça da Estação, na região central de BH.

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Lotado, bloco Chá do Rouge arrebata fãs e foliões em SP

Edson Lopes Jr/UOL Edson Lopes Jr/UOL

A 23 de Maio transpira samba

Uma das principais vias de São Paulo, a Avenida 23 de Maio, onde milhares de motoristas passam um sufoco danado durante a semana com o trânsito, também ficou engarrafada neste domingo de Carnaval, só que por foliões. A via foi completamente fechada pela Prefeitura que desviou para o local neste domingo quatro mega blocos: "Domingo Ela Não Vai" (de clássicos do axé), "Vou de Taxi" (com hits dos anos 80 e 90), "Chá do Rouge" (da girl band Rouge), fechando com o "Bloco do Desmanche" (de pop e funk).

O dia começou quente, com os termômetros batendo os 35º C. Ao contrário do sábado, quando o Largo da Batata ficou lotado de foliões, o domingo foi dia da Avenida 23 de Maio. Logo cedo, o "Domingo Ela Não Vai" agitou o público de São Paulo com clássicos do axé, incluindo Timbalada e Daniela Mercury. Com área de alimentação, sombras, fácil acesso e espaços livres, a avenida 23 de Maio se mostrou um bom espaço para o desfile dos blocos.

Quando o bloco "Vou de Taxi" entrou na pista com seu tributo aos anos 80 e 90, o público, que chegava no local pelo Metrô Paraíso, tomou as alças de acesso, lembrando o movimento de Pinheiros na semana passada. O mesmo acontecia no acesso do Viaduto Pedroso e Beneficência. Na avenida havia ambulância para atendimento médico, praça de alimentação e três estações de banheiro químico.

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Vim para namorar e beijar na boca. Me assustei com esse tanto de gente. Não consegui chegar perto do bloco, que é onde está o fervo

Rikelly Sara Pinheiro, Estudante

Nem tentei chegar perto do bloco de tão lotado. Minha Ragatanga teve que dançar aqui em cima, na agitação paralela, que está lotada também

Roniel Fonseca, Estudante

Estou gostando do Carnaval da 23 de Maio. Só acho que poderia ter mais bloquinhos para dividir o público e não ficar tão cheio

Ana Rossetti, Foliona

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A dançarina Sheila Mello anima foliões no bloco Agrada Gregos

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Ibirapuera gay

A cantora Gretchen voltou ao Agrada Gregos, dessa vez no desfile oficial, que juntou foliões de todos os cantos da cidade na tarde deste sábado (10), no Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo.

"Estou amando participar do Carnaval com o Agrada Gregos. O convite surgiu o ano passado durante o festival e não vejo a hora de ser anunciada madrinha do bloco", disse Gretchen ao UOL, antes de subir no caminhão.

A rainha do rebolado já havia participado do festival do bloco, que foi um esquenta para a folia. Na ocasião a cantora disse sobre a felicidade com a possibilidade de ser o grande ícone do Carnaval gay de São Paulo.

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Os primeiros 2 anos estávamos na 13 de maio no bexiga, mas queríamos algo mais seguro e maior para garantir a diversão de todos

Armando Saullo, Organizador e fundador do bloco

Cordão da Bola Preta não tem fim

O Cordão da Bola Preta, bloco mais antigo e popular do Rio de Janeiro, lembrou neste sábado seu primeiro centenário com um espetacular desfile que foi acompanhado por pelo menos um milhão de pessoas pelas ruas do centro da cidade. O Bola Preta foi um dos primeiros blocos a sair no sábado de Carnaval dentre os cerca de 80 que desfilarão apenas hoje.

No centésimo desfile da sua história, este tradicional bloco deu início à sua festa por volta das 10h, quando seus cinco trios elétricos começaram a percorrer as avenidas Primeiro de Março e Presidente Antônio Carlos.

"Sem a alegria e sem a presença de todos vocês, este bloco não estaria vivo", afirmou o presidente do Bola Preta, Pedro Ernesto, no curto discurso com o qual deu início à festa e após entoar com o público um "Parabéns pra Você" para o grupo pelos seus 100 anos.

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Rio tem celebridade

Marcelo de Jesus/UOL Marcelo de Jesus/UOL
Marco Antonio Teixeira/ UOL Marco Antonio Teixeira/ UOL

Foliões invadem aeroporto no Rio

Nereu Jr/UOL Nereu Jr/UOL

Angola Janga arrasta tapete negro de 150 mil em BH

O batuque ancestral ecoou pelo centro de Belo Horizonte formando um grande tapete negro de 150 mil pessoas neste domingo (11) durante o desfile do bloco afro Angola Janga.

Os tambores mineiros foram celebrados em seu terceiro cortejo no Carnaval de BH, com cerca de 200 integrantes.

Foram entoadas canções de Milton Nascimento, como "Maria Maria" e "Casa Aberta", esta última composição de Chico Amaral e Flávio Henrique, que morreu em janeiro último vítima da febre amarela.

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