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Exposição celebra os 70 anos da Beija-Flor de Nilópolis

Selminha Sorriso e Hellis Ferreira, o único fundador vivo da escola - Eduardo Hollanda/Divulgação
Selminha Sorriso e Hellis Ferreira, o único fundador vivo da escola Imagem: Eduardo Hollanda/Divulgação

22/01/2019 18h49

Os 70 anos de uma das mais revolucionárias escolas de samba do Carnaval carioca são comemorados com uma exposição inaugurada na noite desta segunda (21) -e aberta a partir de hoje para o público-, no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, no centro do Rio. "70 anos Beija-Flor de Sambas, Enredos, Memórias e Comunidade" é o nome da mostra que reúne um amplo acervo histórico da atual campeã da folia carioca. 

 Por meio das sete seções da exposição é possível conferir mais de 200 itens recolhidos pelo Departamento Cultural da agremiação. São fotos, esculturas, cadernos de enredos, medalhas e letras de antigos sambas de exaltação. A mostra aborda desde a fundação da escola, em 25 de dezembro de 1948, até a sua transformação em uma das principais potências da avenida. Campeã pela primeira vez em 1976, rompeu o clube das então quatro grandes (Portela, Mangueira, Império Serrano e Salgueiro). Mais de 40 anos e 13 campeonatos depois, a azul e branca de Nilópolis é uma das marcas do Carnaval carioca.
 
A secretária municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Nilcemar Nogueira, foi uma das idealizadoras da exposição. Segundo ela, este é o primeiro dos eventos que farão do Calouste Gulbenkian um centro de referência para o Carnaval carioca. A secretária também destacou a importância da escola para a cultura brasileira, o que justificou o investimento na exposição, mesmo sendo a Beija-Flor uma escola de outro município: "Os 70 anos da Beija-Flor não poderiam passar em branco. Neste momento em que muitas escolas se afastam de suas comunidades, a Beija-Flor mobiliza toda uma cidade, trazendo orgulho para os cidadãos de Nilópolis. Está aí uma história que merece ser conhecida e relembrada", destaca.
 

Setor da exposição em homenagem a Joãosinho Trinta e o Cristo Mendigo - Eduardo Hollanda/Divulgação - Eduardo Hollanda/Divulgação
Setor da exposição em homenagem a Joãosinho Trinta e o Cristo Mendigo
Imagem: Eduardo Hollanda/Divulgação
Em um país que pouco cultua a memória, o desafio dos curadores, Marcelo Campos e Wagner Gonçalves, foi organizar o material e dar um sentido narrativo para a mostra, que foge da cronologia e prefere destacar várias facetas da história da escola. Dentre os destaques da exposição estão os desenhos, até hoje inéditos, de Joãosinho Trinta para a icônica alegoria do Cristo Mendigo, do Carnaval de 1989. Fotos do cotidiano do barracão nos anos 1970 e 1980, além de vários flagrantes dos desfiles históricos da escola prometem impactar o público. 
 
"Aqui no Brasil temos uma grande dificuldade em ter centros de memória. Por isso, é louvável todo o esforço em reunir fotos e documentos de família, além de consultar o acervo da imprensa. Em nossa pesquisa, valorizamos as pessoas. O público verá a história das pessoas que fizeram a Beija-Flor ser grande", explica Campos.

Wagner Gonçalves destaca a importância de levar a trajetória de uma escola de samba para a galeria de arte: "Transportar a história de uma escola para uma galeria, com um olhar estético, valoriza o samba e o Carnaval neste momento. O Carnaval, além de cultura, também é arte. Espero que essa iniciativa se espalhe para outras escolas", afirma.
 

Neguinho da Beija-Flor em frente ao retrato do compositor Cabana, um dos pioneiros da escola - Eduardo Hollanda/Divulgação - Eduardo Hollanda/Divulgação
Neguinho da Beija-Flor em frente ao retrato do compositor Cabana, um dos pioneiros da escola
Imagem: Eduardo Hollanda/Divulgação
A exposição, que foi prestigiada em sua inauguração por personalidades da escola, como Neguinho da Beija-Flor, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso, e por Hellis Ferreira, o único fundador vivo, ficará em cartaz até o dia 22 de março, com entrada gratuita. O Centro de Artes Calouste Gulbenkian fica na rua Benedito Hipólito, 125, no centro do Rio. 

Anderson Baltar