Em prévia de Carnaval, bloco Tarado Ni Você prega amor livre e euforia
No Carnaval, vale o amor livre? “Não só no Carnaval, vale na vida inteira”, garante o analista financeiro Leandro Cunha (nome fictício). Casado há sete anos com agente de moda Luiz Carlos (nome fictício), Cunha é adepto à liberdade nos relacionamentos. Se der vontade de beijar outra pessoa, pode. Até transar. “Somos livres.”
No sábado (12), o analista e o marido estiveram na prévia do bloco Tarado Ni Você, que aconteceu no Teatro Oficina, no Bixiga, São Paulo. Com o tema “Profane”, este ano o bloco sai às ruas levanta a bandeira “contra toda caretice”, como explicam os organizadores.
Cunha e o marido lidam bem com a possibilidade de liberdade no relacionamento deles. Cada um faz suas escolhas, sem haver ciúmes ou desrespeito. “Ele já ficou com outros caras, e foi normal para mim”, diz Cunha.
No entanto, ser livre não necessariamente quer dizer estar aberto a flertes “extraconjugais”, explica a advogada Ana Laura. No Carnaval, assim como no dia a dia, um casal também pode estar livre para aproveitar festas e lugares separados. “Somos livres num relacionamento fechado. Cada um tem seu espaço”, diz ela, que namora o engenheiro civil Diego Reis.
Mas é o respeito a regra fundamental para um amor livre, opina a pesquisadora Normanda Souza Melo: “Os dois lados precisam estar de acordo”. Embora nunca tenha vivido um namoro aberto, ela afirma que vale, sim, uma estrutura como esta, e que discorda de relações que em alguém se sente dono de outra pessoa.
A mesma coisa é com o corpo, segundo Normanda, que gosta de Carnaval para “curtição e não pegação”. Na festa do Tarado Ni Você ela se esbaldou. Ao sim de músicas brasileiras bem dançantes, fez o que quis: “sarrar até o chão”, brinca.
Para ela, essa festa é uma das poucas que consegue se divertir livremente, sem assédios a que a maioria das mulheres frequentemente sofrem. “Aqui as pessoas respeitam. Geralmente em blocos LGBT, posso ir com a roupa que eu quiser, dançar como quiser, e vão me respeitar. Nesses lugares as pessoas têm mente mais aberta.”
No caso do médico Felipe Aguiar, amor livre no Carnaval é a possibilidade de curtir a festa com várias pessoas. Solteiro, ele aproveita para paquerar. “Todo mundo quer beijar na boca”, brinca. “É sempre bom ir em festa com gente legal e interessante. Na maioria das vezes você termina saindo acompanhado.”
Bloco
Criado há cinco anos em homenagem ao cantor Caetano Veloso, o Tarado Ni Você desfila no sábado de Carnaval no centro de São Paulo. Na prévia deste sábado, no Teatro Oficina, o que se viu foi corpo desnudo de regras, euforia, purpurina, fantasia e muita alegria.
Ao som de DJs e da banda do bloco, que só tem músicas de Caetano em seu repertório, a festa foi uma ode à Tropicália dentro do histórico teatro de Zé Celso. Os integrantes do bloco aproveitaram ainda para criticar a construção de prédios no entorno do Oficina e defenderam a criação do Parque do Bixiga, no local.
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