Tarado Ni Você consagra festa contra caretice em São Paulo
"A gente tá contra essa caretice, ou não tá?", provocou Zé Ed, vocalista do Bloco Tarado Ni Você, que desfilou no início da tarde deste sábado (10) , pelas ruas do centro de São Paulo, arrastando uma multidão. O bloco partiu da esquina mais famosa da cidade: a Ipiranga com a São João.
Com seu ode a Caetano Veloso, o Tarado também se firma como o bloco da liberdade e do engajamento. Bento Nestro Gil, da Alemanha e que mora no Brasil há 10 anos, curte o bloco principalmente pelo seu foco em sustentabilidade com mensagens política.
No desfile deste sábado veio acompanhado da filha de três anos. "Na Alemanha a gente também tem um Carnaval nesses mesmos dias, pessoas fantasiadas com a diferença que é frio. Mas aqui a música é muito mais envolvente e o calor ajuda muito".
Flávia, que não quis identificar o sobrenome, estava com os chifres do tema "Profane" e os seios a mostra. "Que maravilha poder romper a vergonha, não se importar se meu peito é isso ou aquilo e simplesmente viver essa festa", disse, e acrescenta que só escolhe o topless no bloco do Tarado: "sinto segurança de estar assim só aqui".
No início do desfile, Thiago Borba, um dos fundadores do bloco, fez uma abertura, explicando o tema Profane: "Estar na rua hoje é resistência. Profane tem um significado duplo, e ele é sobre liberdade de ser o que é, de nós reconhecer diversos. Essa revolução pessoal, levará a revolução coletiva."
O Tarado é famoso também pela qualidade musical dos integrantes da banda. Rafael Palombo, fantasiado de pássaro, em referência a música "Pássaro Proibido", do cantor baiano, só vai neste bloco e o acompanha há três anos. "Para mim é o melhor bloco. É o único que eu vou. O resto do Carnaval é só descanso."
Assim como Rafael, as músicas do Caetano serviram de inspiração para fantasias. Entre "leõezinhos" e "odaras", "vacas profanas" tomaram as ruas. Entre elas, a "Vaca Progressista", de Rafael Arantes, natural de Brasília e recém chegado a São Paulo para morar.
"A gente tem que escolher que tipo de vaca que vai alimentar. As conservadoras não devem comer", disse. A fantasia também fazia alusão ao meio ambiente.
"Aproveitamos o bloco para mandar uma mensagem pela nossa fantasia, inclusive de indignação", acrescentou.
Chama a atenção também, até pelo engajamento, o brinco do "Fora Temer" e mensagens na camiseta em relação a situação atual: "Deus abençoe quem pensa que não foi golpe" e "Me beija que não sou golpista".
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